sábado, 4 de dezembro de 2010

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho

Oscar Niemeyer se lança em carreira musical

Aos 102 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer resolveu se lançar em outra carreira. Agora músico, Niemeyer acaba de lançar a canção "Tranquilo com a Vida", feito em parceria com seu enfermeiro Caio Almeida, e com o músico Edu Krieger.


O samba de raíz que foi composto um ano antes do arquiteto ser hospitalizado para uma cirurgia de intestino, ficará disponível para download no site da Deckdisc














Niemeyer (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907) é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios públicos que desenhou para a cidade de Brasília.



Cquote1.svg Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein. Cquote2.svg
Oscar Niemeyer



Filho de Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida, Oscar Niemeyer nasceu no bairro de Laranjeiras, na rua Passos Manuel, que receberia no futuro o nome de seu avô Ribeiro de Almeida, ministro do Supremo Tribunal Federal. Niemeyer foi profundamente marcado pela lisura na vida pública do avô, que como herança os deixou apenas a casa em que morava e cuja regalia era uma missa em casa aos domingos.
Niemeyer passa a sua juventude sem preocupações e na boêmia, frequentando o Café Lamas, o clube do Fluminense e a Lapa. Em suas palavras: "parecia que estávamos na vida para nos divertir, que era um passeio."
Em 1928, aos 21 anos, casou-se com Anita Baldo, 18 anos, filha de imigrantes italianos da província de Pádua. A cerimônia de casamento na igreja do bairro atendeu aos desejos da noiva. "Casei por formalidade. Mais católica do que minha esposa é impossível, então não me incomodei em casar dessa forma". O casamento foi no mesmo ano da formatura no ensino médio. O casal teve somente uma filha, Anna Maria Niemeyer, que deu cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos ao arquiteto.
Casado, Oscar troca a vida boêmia pelo trabalho na tipografia do pai. Resolve retomar os estudos. Em 1929, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, de onde saiu formado como arquiteto e engenheiro, em 1934.



Desde sempre idealista, mesmo passando por dificuldades financeiras, decide trabalhar sem remuneração no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. Não lhe agradava a arquitetura comercial vigente e viu no escritório de Lúcio Costa uma oportunidade para aprender e praticar uma nova arquitetura.


Viúvo desde 2004, casou-se em novembro de 2006, com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira, de 60 anos.
Até 23 de setembro de 2009, quando foi internado, passando em seguida por duas cirurgias, para retirada da vesícula e de um tumor do cólon, o arquiteto costumava ir todos os dias ao seu escritório em Copacabana. Ultimamente, trabalhava no projeto Caminho Niemeyer, em Niterói, um conjunto de nove prédios de sua autoria. Até outubro Niemeyer permaneceu internado no mesmo hospital, no Rio de Janeiro. Em 25 de abril de 2010, foi novamente internado, apresentando um quadro de infecção urinária. O arquiteto deveria participar do lançamento da edição especial da revista "Nosso Caminho", no dia 27 de abril, em homenagem aos 50 anos de Brasília. A festa foi cancelada.






Niemeyer compõe samba com enfermeiro durante internação

Não satisfeito em entrar para a história como gênio da arquitetura, Oscar Niemeyer, no auge de seus 102 anos, resolveu virar compositor de samba. O arquiteto aproveitou o tempo que ficou internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio, e, em parceria com um dos enfermeiros que cuidou dele no Centro de Tratamento Intensivo, compôs a canção, que foi batizada de 'Caminhando'.

Niemeyer ficou 24 dias no hospital. Ele deu entrada na unidade no dia 23 de setembro, com dores abdominais.
Na ocasião foi realizada uma tomografia de abdômen, que constatou colicistite aguda (cálculo na vesícula) e abscesso (pequena bolsa de pus) no fígado. Além disso, os médicos diagnosticaram um tumor no intestino grosso.

O parceiro do gênio, Caio Marcelo Júnior, contou que o samba foi composto em duas fases. A primeira foi durante a internação de Niemeyer, a segunda foi finalizada assim que o arquiteto teve alta hospitalar. A melodia ficou por conta do enfermeiro e a letra do samba, é toda de Niemeyer.

"Ele fez a letra, ele ia ditando e eu ia anotando. Depois pus a melodia. Primeiro ele fez a primeira parte, que ele queria que fosse uma homenagem ao presidente Lula. Mas depois desistiu, achou que seria propaganda política, e resolveu fazer a segunda parte", confessou Caio, completando: "A ideia partiu dele. Ele cismou um dia: 'vamos fazer um samba nosso', e aí fez o primeiro verso, e perguntou: 'será que isso dá uma música?'".

O que Niemeyer escreveu
O arquiteto escreveu e o enfermeiro mostrou ao G1 a letra da primeira parte da música (ouça o áudio de parte dos versos na voz de Caio, no vídeo acima):

'Hoje em dia minha vida vai ser diferente
Calça de pijama, camisa listrada, sandália no pé
Andar na praia, vou fazer toda manhã
Até moça bonita vai ter se Deus quiser
Vou parar nos cafés para ouvir historinhas
Coisas da vida que um dia vão ter que mudar
Quero ser um mulato que sabe a verdade
E que ao lado dos pobres prefere ficar
Da minha favela eu olho os granfinos
Na praia de frente para o mar
Não devemos culpá-los, são os prestigiados
Que um dia entre nós vão voltar a morar'

Banda de Ipanema
Por enquanto, o samba ainda não foi ouvido pelo pessoal da Banda de Ipanema, que presta uma homenagem a Oscar Niemeyer no carnaval de 2010 nos desfiles pelo bairro da Zona Sul do Rio. Mas pressa aos diretores da Banda é o que não falta. “Quero que o enfermeiro cante logo a música para podermos botar na pauta, para poder passar para os outros músicos. Mesmo que não seja para amanhã (sábado, quando a Banda de Ipanema fará o primeiro desfile do carnaval 2010), ainda neste carnaval vamos tocar esse samba do Niemeyer”, disse Cláudio Luiz Pinheiro, um dos fundadores da Banda.

Diretores do bloco entregaram nesta sexta-feira (29) a faixa comemorativa da homenagem para Niemeyer. Além de receber e vestir a faixa, o arquiteto deixou sua assinatura numa foto dele ampliada, que vai acompanhar os foliões pelos desfiles da banda no carnaval.

E Oscar Niemeyer, o que está achando disso tudo? “Acho ótimo, é espontâneo, eles estão muito entusiasmados, são gente boa”, disse ele, sem falsa modéstia ao comentar que, além de tudo, ajudou na confecção da camiseta do bloco de 2010. “Sou um operário, faço o que me pedem, espontaneidade e criatividade são a base”.
Segundo o bisneto de Oscar, Paulo Sérgio Niemeyer, o arquiteto fez adaptações a desenhos antigos para a camiseta e ajudou a escolher outros desenhos.

A Banda de Ipanema vai homenagear também personalidades que fizeram história na música brasileira, como Noel Rosa e Vadico e Adoniran Barbosa.

“A grande homenagem é a Oscar Niemeyer e às curvas d Brasil. Já homenageamos Oscar duas vezes, no início da década de 90 e quando ele fez cem anos. Essa ideia surgiu há 102 anos e quando surgiu a Banda, em 65. O Oscar é uma figura que todos se orgulham, o maior brasileiro vivo, somos devedores. O Oscar pertence à história do Brasil”, contou Cláudio, que disse que bom mesmo seria se o arquiteto pudesse aparecer no bloco, "nem que fosse por dois minutinhos": "Seria uma alegria na cidade".

          

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