sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Globo Repórter

Globo Repórter
É um programa jornalístico semanal brasileiro, produzido e exibido pela Rede Globo, que vai ao ar nas noites de sexta-feira a partir das 22h00. Estreou em 3 de abril de 1973, em substituição ao extinto Globo Shell Especial.

O Globo Repórter, tal como conhecemos hoje, nasceu da ideia de criar um jornalístico semelhante ao 60 minutes da CBS News, porém, como naquela época a Rede Globo não dispunha de estrutura para produção de um programa constituído basicamente de externas, decidiu-se adotar o modelo do extinto Globo Shell Especial e produzir cinedocumentários com narração em off do apresentador.
Nos anos 70, o Globo Repórter passou a ser um veículo importante para vários cineastas brasileiros, como Eduardo Coutinho, Maurice Capovilla, Walter Lima Júnior, Vladimir Carvalho e Gregório Bacic exibirem seus documentários, focalizando muitos aspectos da sociedade brasileira, e que hoje em dia são considerados verdadeiros clássicos do gênero documental no Brasil.
Em 1973, o programa era exibido nas terças-feiras, às 23h00, anunciado como parte da programação da "Terça Global". Neste período, o programa se dedicava a exibição de matérias importantes, que por causa da complexidade do tema, não podiam ser detalhadas nos telejornais. Algumas coberturas importantes dessa época foram as eleições na Argentina, Uruguai e Chile, a revolta dos índios Oglala Sioux, Emerson Fittipaldi e escolas de samba.
Em 1974, o programa ganhou novo horário, novo público e linguagem. Passou a ser exibido mais cedo, às 21h00. Além da mudança na linguagem, os documentários antes produzidos apenas no eixo Rio-São Paulo, passaram a ser gravados em outros estados brasileiros.
Em 1982, depois de cinco meses fora do ar, o Globo Repórter volta a ser exibido em seu antigo horário, às 23h00 e novamente passa por reformulações na linguagem. O programa, antes conduzido pela voz do narrador estático, ganha a presença da figura do repórter, que juntamente com o cinegrafista, assume a função de testemunha dos fatos, transmitindo ao telespectador toda a emoção vivida na abordagem do tema. As mudanças também ocorrem nas reportagens, que passaram a ter duração de apenas 15 minutos e na tecnologia usada na edição e produção do programa que passou a ser U-matic e, posteriormente, Betacam. Com isso, o processo de gravação e edição das imagens ganhou agilidade.
O primeiro Globo Repórter nesse novo formato foi ao ar em 10 de junho de 1982. A reportagem tratava da busca de milhares de brasileiros pelo enriquecimento rápido e José Hamilton Ribeiro foi o primeiro repórter do programa a aparecer no vídeo.
Devido ao planejamento da Rede Globo para a Copa, o Globo Repórter foi novamente tirado do ar, no segundo semestre de 1982, voltando em 1983, agora exibido nas quintas, às 21h20. A volta do jornalístico em horário nobre à televisão, exigiu novas mudanças. A apresentação do programa passou a ser de Eliakim Araújo e o jornalístico ganhou quatro blocos, que mesclavam informação com entretenimento.


Críticas
Atualmente, o programa evita temas polêmicos e grandes denúncias, preferindo exibir na maioria das vezes reportagens sobre animais e meio ambiente, o que demonstra que ele passou a ser voltado apenas para um tipo de público, ou seja, os que se interessam somente por temas relacionados à natureza. A falta de versatilidade do programa foi até comentada numa das edições do Troféu Imprensa, prêmio no qual o programa deixou de ser forte candidato (isto quando ele disputa). A coluna Foi Mal, do Jornal Extra, pertencente às empresas Globo, não poupou críticas ao programa, na edição de 23 de janeiro de 2010. Na sua insistência em tratar temas para lá de repetitivos, o programa deixou de lado assuntos interessantes, como a chegada do homem à Lua e o desastre no Haiti. A música-tema do Globo Repórter chama-se "Freedom Of Expression", cuja gravação original é do grupo J.B. Pickers, que também faz parte da trilha sonora do filme cult Vanishing Point (Corrida Contra o Destino, 1971).
O Globo Repórter não é apresentado na última sexta-feira do ano, sendo substituído por um programa chamado Retrospectiva, que reprisa notícias que marcaram o ano.

  

Cidades descobrem benefícios de viver em ritmo mais lento na Itália


Os esforços por uma vida melhor e mais saudável poderão ser inúteis, se a cultura da velocidade não for revista. No pensamento moderno, o tempo é uma riqueza que está escasseando, como o petróleo ou a água. E a sensação de falta de tempo é uma doença crônica, sem remédio.
Controlar o tempo, uma ambição humana tão antiga quanto os povos remotos, ganhou na Itália um novo significado. No país, começou uma experiência inovadora, considerada uma das saídas para a salvação do planeta: diminuir o ritmo, ir mais devagar, com calma. A ideia do movimento que está se espalhando pelo mundo, "cidades do bem viver", é promover mudanças de mentalidade e estilo de vida.
Em Greve in Chianti, na Praça Mateotti, conhecemos o açougueiro Stefano Fallorni, uma figura de prestigio na cidade. Ele nos chama para dar uma volta no seu furgão de 1950. As ideias dele também têm raízes no passado e ele se orgulha disso.
O açougue histórico foi aberto pela sua família em 1700, há oito gerações, na Praça Mateotti. A repórter Ilze Scamparini pergunta como se vive na região, e o açougueiro responde com uma provocação e diz que, se viajar de ferias, a qualidade de vida dele cai. “Vocês são a medida da minha qualidade de vida, que vêm de longe para fazer uma entrevista comigo. Aqui nos ensinaram a viver amando o território, a ficar perto das pessoas que trabalham a terra”, declara Stefano Falorni.
A ideia do movimento das cidades do bem viver nasceu na praça de Greve In Chianti, uma das mais bonitas da Toscana, mais precisamente no prédio da prefeitura. Considerada a capital da região do Chianti Classico, um dos tipos de vinho mais famosos da Itália, a cidade de 12 mil habitantes vem recebendo muitos turistas estrangeiros nas ultimas décadas e cresceu muito economicamente. Ainda assim, conseguiu manter a sua arquitetura e preservar a qualidade de vida dos seus cidadãos.
O ex-prefeito Paolo Saturnini governou a cidade durante três mandatos. Ao invés de construir estradas ou pontes, ele se preocupou com o bem estar das pessoas. Em 1999, criou a rede dos municípios com a mais alta qualidade de vida. "A minha preocupação era a de que esta cidade se descaracterizasse e se transformasse em um lugar apenas turístico, igual a todos os lugares muito visitados no mundo", afirma.
Para ganhar o título do "bem viver", as cidades precisam cumprir 55 exigências. Entre elas, ajudar os pequenos investidores a defender os produtos locais. Na Toscana, o bem viver é, antes de tudo, proteger a civilização rural. Rossela Rossi, dona do restaurante da praça, possui grande talento de cozinheira. A sua ribolita, a sopa de pão, é muito renomada. A receita leva cebola, aipo, feijão branco, legumes e pão amanhecido.
Filha do médico da cidade, Rossela cresceu conhecendo as famílias, a história e os antigos costumes locais. “A praça foi uma das primeiras coisas que surgiram aqui, em torno do ano 1000 ou 1100”, aponta a dona do restaurante.
A praça de Greve In Chianti, em forma de triângulo, se prepara para a quadragésima festa do vinho. Na cidade, são feitos negócios importantes. A uva não é só a matéria-prima de uma economia forte, mas aquilo que fez com que a região não perdesse as suas origens agrícolas.
O atual prefeito Alberto Bencistà define como um equilíbrio mágico entre presente, passado e futuro. "Estamos entre duas cidades de arte das mais belas do mundo, Florença e Siena. Mais de 60% do nosso território são bosques, uma reserva de oxigênio extraordinária, mais os vinhedos e oliveiras", destaca o prefeito de Greve In Chianti.
A alguns quilômetros da cidade, a brasileira Jussara Perez, junto com o marido, se beneficiou das leis de incentivo para cultivar a terra. O casal abandonou a vida em Florença há 11 anos e investiu no agroturismo, um hotel-fazenda com produção agrícola. Tudo é orgânico e ecológico. Até a piscina tem sal no lugar do cloro. Nos casarões de pedra, em estilo toscano, não se pode abrir nem uma nova janela. Leis rigorosas tutelam as construções.
A lentidão é uma regra constante também da família de Jussara. “Comer com consciência do que você está comendo, viver o momento presente. Você está aqui, você curte, respira. Se você está bebendo, beba. Se você está comendo, coma. Se você está caminhando, caminhe. Você tem que ter consciência de cada coisa do que você esta fazendo. Isso é slow, porque é parar", diz a dona do hotel-fazenda.

Edição do dia 03/12/2010

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