quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fight Club





Fight Club (br: Clube da Luta / pt: Clube de Combate), é um filme estadunidense de 1999, do gênero drama, dirigido por David Fincher. A sua banda sonora foi composta pelos Dust Brothers. O filme é baseado em romance homônimo de Chuck Palahniuk, publicado em 1996. O filme é protagonizado por Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter. Norton representa o protagonista anónimo, um "homem comum" que está descontente com o seu trabalho de classe média na sociedade Americana. Ele forma um "clube de combate" com o vendedor de sabonetes Tyler Durden, representado por Pitt, e envolve com uma mulher dissoluta, Marla Singer, representada por Carter.
Os direitos do romance de Palahniuk foram adquiridos pela produtora da 20th Century Fox Laura Ziskin, que contratou Jim Uhls para escrever a adaptação do filme. Fincher foi um de quatro directores considerados; foi eventualmente contratado devido ao seu entusiasmo pelo filme. Fincher desenvolveu o guião com Uhls e procurou conselhos de escrita do elenco de outros na indústria cinematográfica. O director e o elenco compararam o filme a Fúria de viver (1955) e A primeira noite (1967). A intenção de Fincher com a violência de Fight Club foi a de servir como metáfora ao conflito entre uma geração de pessoas jovens e o sistema de valores da publicidade. O realizador copiou o tom homoerótico do romance de Palahniuk para manter a audiência desconfortável e desviar a atenção da surpresa do final do enredo.
Executivos do estúdio de cinema não gostaram do filme, e reestruturam a campanha de marketing intencionada por Fincher para reduzir as perdas antecipadas. Fight Club não atingiu as expectativas do estúdio nas bilheteiras, e recebeu reacções polarizadas dos críticos. Foi citado com um dos filmas mais controversos e falados de 1999. O The Guardian viu-o como um prenúncio de mudança da vida política americana, e descreveu o seu estilo visual como inovador. O filme tornou-se mais tarde um sucesso comercial com o lançamento do DVD, que estabeleceu Fight Club como um filme de culto.

Enredo
O narrador sem nome (Edward Norton) é um empregado de uma companhia de automóveis em viagem que sofre de insónia. O médico recusa-se a dar-lhe medicação e aconselha a visita a um grupo de apoio para testemunhar sofrimentos mais graves. O narrador assiste às sessões de um grupo de apoio para vítimas de cancro testicular e, fazendo-se passar por vítima de cancro, encontra uma libertação emocional que alivia a sua insónia. Ele torna-se viciado em ir a grupos de apoio e em fingir ser uma vítima, mas a presença de outro impostor Marla Singer (Helena Bonham Carter) perturba-o, e então ele negocia com ela para evitar o encontro com os mesmos grupos.
Depois de voar para casa após uma viagem de negócios, o narrador encontra o seu apartamento destruído por uma explosão. Ele liga a Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabão a quem ele ajudou no voo, e eles encontram-se num bar. Uma conversa sobre consumismo acaba com Tyler a convidar o narrador para ficar em sua casa e, depois disso, ele pede ao narrador para lhe dar um soco. Os dois envolvem-se numa luta fora do bar, com o narrador, posteriormente, a mudar-se para a casa em ruínas de Tyler. Eles têm outras lutas fora do bar, e estas atraem uma multidão de homens. Os combates mudam-se para a cave do bar, onde os homens formam um clube de combate.
Marla tem uma overdose de pílulas e telefona ao narrador para ele a ajudar. E ele ignora-a, mas Tyler responde à chamada e salva-a. Tyler e Marla envolvem-se sexualmente, e Tyler avisa para o narrador nunca falar com Marla sobre ele. Mais clubes de luta formam-se em todo o país, e eles tornam-se numa organização anti-materialista e anti-capitalista denominada "Project Mayhem", sob a liderança de Tyler. O narrador queixa-se a Tyler querendo estar mais envolvido na organização, mas Tyler desaparece repentinamente. Quando um membro do Project Mayhem morre, o narrador tenta encerrar o projecto, e segue pistas das viagens pelo país que Tyler fez para localizá-lo. Numa cidade, um membro do projecto cumprimenta o narrador como Tyler Durden. O narrador chama Marla do seu quarto de hotel e descobre que Marla também acha que ele é Tyler. De repente, ele vê Tyler Durden em seu quarto, e Tyler explica que eles são personalidades dissociadas dentro do mesmo corpo. Tyler controla o corpo do narrador quando o narrador está a dormir.
O narrador desmaia depois da conversa. Quando acorda, descobre pelos registos do seu telefone que Tyler fez chamadas enquanto ele estava "desmaiado". Ele descobre os planos de Tyler para apagar a dívida com a destruição de edifícios que contêm registos de empresas de cartão de crédito. O narrador tenta entrar em contacto com a polícia, mas descobre que os polícias fazem parte do projecto. Ele tenta desarmar os explosivos em um dos prédios, mas Tyler subjuga-o e muda-se para um prédio seguro para assistir à destruição. O narrador, mantido por Tyler sob a mira de uma arma, percebe que uma vez que partilha o mesmo corpo com Tyler, ele é que está na verdade a segurar a arma. Ele dispara para dentro da sua boca, acertando através do rosto, sem se matar. Tyler cai com um ferimento de saída para a parte traseira de sua cabeça, e o narrador deixa de o projectar mentalmente. Depois disso, os membros do Project Mayhem trazem a Marla que entretanto tinha sido raptada a ele, acreditando ser ele Tyler, e deixam-nos sozinhos. Os explosivos detonam, desmoronando os edifícios, e o narrador e Marla assistem à cena, de mãos dadas.

As 8 regras do Clube da Luta
Não comente sobre o Clube da Luta.
Nunca, jamais, comente sobre o clube da luta
Quando alguém gritar "pára!", sinalizar ou desmaiar, a luta acaba.
Somente duas pessoas por luta.
Uma luta de cada vez.
Sem camisa, sem sapatos.
As lutas duram o tempo que for necessário.
Se for a sua primeira noite no clube da luta, você tem que lutar!

Temas
"Nós estamos destinados a ser os caçadores e nós estamos em uma sociedade de compras. Não há nada mais para matar, não há nada para lutar, nada para vencer, nada para explorar. Nesse emasculação social deste homem comum [o narrador] é criado ."
David Fincher
Fincher chama a Fight Club um filme sobre emancipação, tal como o filme de 1967 A primeira noite mas para pessoas nos seus 30 anos. Fincher descreveu o narrador como um "homem comum"; a personagem é identificada no guião como "Jack", mas permanece sem nome durante o filme. Fincher delineou a história passada do narrador: "Ele tentou fazer tudo o que lhe ensinaram, tentou adaptar-se ao mundo tornando-se no que não é."[nota 1] O narrador não consegue encontrar a felicidade, por isso percorre o caminho da iluminação pelo qual ele tem de "matar" os seus pais, o seu deus e o seu professor. No início do filme, ele já tinha morto os seus pais. Com Tyler Durden, ele mata o seu deus ao fazer coisas que não era suposto fazer. Para completar o processo de amadurecimento, o narrador tem de matar o seu professor, Tyler Durden
A personagem é uma inversão da década de 1990 do arquétipo de A primeira noite: "alguém que não tem um mundo de escolhas à sua frente, que não tem nenhuma escolha possível, literalmente não imagina nenhuma maneira de mudar a sua vida". Eles está confuso e enraivecido, por isso responde ao seu ambiente criando Tyler Durden, um Super-homem Nietzscheniano, na sua mente. Enquanto que Tyler é a pessoa que o narrador gostaria de ser, ele não tem empatia e não ajuda o narrador a enfrentar decisões na sua vida que "sejam complicadas ou que tenham implicações morais e éticas". Fincher explicou que "[Tyler] pode lidar com os conceitos das nossas vidas num modo idealista, mas não tem nada a ver com os compromissos da vida real tal como o homem moderno os conhece. O que se traduz em: Você não é necessário para grande parte das coisas que se passam. Está construído, só precisa de funcionar agora."[nota 2] Enquanto que o estúdio estava preocupado que Clube de combate fosse "sinistro e sedicioso", Fincher procurou tornar o filme "divertido e sedicioso" incorporando humor para temperar o elemento sinistro.
Uhls descreveu o filme como uma "comédia romântica", explicando, "Tem a ver com as atitudes das personagens para com uma relação saudável, que consiste em muito comportamento que parece pouco saudável e brusco um com o outro, mas de facto funciona com eles-porque ambas as personagens estão no limite psicologicamente." O narrador procura intimidade, mas evita Marla Singer, vendo demasiado dele nela. Enquanto que Marla é sedutora para o narrador, ele prefere abraçar a novidade e excitamento que advém da sua amizade com Tyler Durdan. O narrador está confortável por estar pessoalmente ligado a Tyler Durden, mas fica ciumento quando Tyler se torna sexualmente envolvido com Marla. Quando o narrador discute com Tyler acerca da sua amizade, Tyler diz-lhe que serem amigos é secundário à perseguição da filosofia que estavam a explorar. Tyler também sugere fazer algo em relação a Marla, implicando que ela é um risco a ser removido. Quando Tyler diz isto, o narrador percebe que os seus desejos deviam ter estado focados em Marla e começa a divergir do caminho de Tyler.
"Decidimos bem cedo que eu começaria a passar fome à medida que o filme corria, enquanto que [o Brad Pitt] levantaria [pesos] e iria para salões de bronzeamento; ele tornaria-se cada vez mais idealizado enquanto eu me desmoronaria."
Edward Norton
O narrador não-confiável não se apercebe imediatamente que Tyler Durden originou-se nele mesmo e que é projectado mentalmente. Ele também promove por erroneamente o clube de combate como uma forma de se sentir poderoso, apesar da condição física do narrador piorar enquanto a aparência física de Tyler Durdan melhora. Enquanto que Tyler deseja "experiências reais" de lutar a sério como o narrador a princípio, ele manifesta uma atitude nihilista de rejeitar e destruir instituições e sistema de valores. A sua natureza impulsiva, representando o id, transmite uma atitude que é sedutora e liberadora para o narrador e para os membros do Project Mayhem. As iniciativas e métodos de Tyler tornam-se desumanizantes; ele manda nos membros do Project Mayhem com um megafone semelhante a um director de campo de reedcação chinês.O narrador distancia-se de Tyler e, no fim, chega a uma posição de compromisso entre os seu dois "eu"
Edward Norton disse, "Sinto que Fight Club na verdade, em certa forma... sondou o desespero e parálise que as pessoas sentiam em face a terem herdado este sistema de valores da publicidade Brad Pitt disse, "Fight Club é uma metáfora para a necessidade de abater as muralhas que colocamos à nossa volta e simplesmente arriscar, para que pela primeira vez possamos experimentar dor. [nota 3]  Fight Club também tem paralelo no filme de 1955 Fúria de viver; ambos lidam com as frustrações de pessoas que vivem no sistema. As personagens, tendo passado por uma emasculação social, são reduzidos a "uma geração de espectadores". A cultura da publicidade define os "sinais exteriores de felicidade" da sociedade, causando uma busca desnecessária por bens materiais que substituam a procura mais essencial pela felicidade espiritual. O filme referencia Calvin Klein, IKEA e o Volkswagen New Beetle. Norton disse do Beetle, "Nós destruímo-lo... porque parecia um exemplo clássico de um plano de marketing da geração Baby Boomer que vendia-nos cultura"[nota 4] A sua personagem também anda pelo seu apartamento enquanto que efeitos visuais identificam as suas muitas possessões do IKEA. Fincher descreve a imersão do narrador, "Era apenas a ideia de viver nesta ideia fraudulenta de felicidade."[nota 5] Pitt explicou a dissonância, "Penso que há um mecanismo de auto-defesa que afasta a minha geração de ter qualquer conexão ou compromisso honesto e real com os nossos sentimentos verdadeiros. Estamos a torcer por equipas da bola, mas não estamos a entrar em campo para jogar. Estamos tão preocupados com falhanços e sucessos - como se estas duas coisas fossem tudo o que te irão resumir no final"[nota 6]
A violência dos clubes de combate serve não para promover ou glorificar o combate físico, mas para os participantes experimentarem sentimentos numa sociedade que está de outra forma dormente. As lutas representam a resistência ao impulso de estar "encapsulado" na sociedade Norton acreditava que a luta entre os homens retirava o "medo da dor" e "a necessidade de contar com significadores físicos do seu próprio valor", permitindo que eles experimentassem algo valioso. Quando as lutas evoluem para violência revolucionária, o filme aceita apenas por metade a dialética revolutionária de Tyler Durden; o narrador retira-se e rejeita as ideias de Durden[6] Fight Club propositadamente forma uma mensagem ambígua, a interpretação da qual é deixada ao público. Fincher elaborou, "Adoro esta ideia que podemos ter fascismo sem oferecer nenhuma direcção ou solução. Não é o objectivo do fascismo dizer, 'É por aqui que devíamos ir'? Mas este filme não podia estar mais longe de oferecer qualquer tipo de solução."[nota 7]

Observação
Jack é apenas uma referência do narrador ao modo de viver, e não ele próprio. Claro que, em sua carteira de identidade, seu nome é Jack, e é assim que se apresenta aos outros, portanto, como qualquer pessoa, utiliza o nome para se referir a ele próprio.

Elenco
Edward Norton .... Narrador
Brad Pitt .... Tyler Durden
Helena Bonham Carter .... Marla Singer
Meat Loaf .... Robert 'Bob' Paulsen
Zach Grenier .... Richard Chesler - O chefe
Rachel Singer .... Chloe
Eion Bailey .... Ricky
Jared Leto .... Angel Face
Peter Iacangelo .... Lou

Principais prémios e nomeações
Indicado ao Óscar de Melhores Efeitos Sonoros.
Pelo seu papel, Helena Bonham Carter venceu o Empire Award na categoria de Melhor Atriz Britânica, em 2000.


     


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